quarta-feira, 15 de agosto de 2012

As lágrimas se misturavam a fumaça que saia por entre a pequena abertura que havia entre seus lábios, a garrafa descansava, vazia, ao seu encalço, ela havia desistido do mundo. Ela deixara tudo para trás, ela havia desistido do amor, afinal era apenas uma desculpa que os tolos contavam para justificar seus atos inconstantes e exagerados. “O que era o amor, ela já havia se submetido a tal sentimento?” ela se perguntava girando o cigarro entre os dedos, enquanto a fumaça rodopiava da ponta, criando círculos no ar úmido causado pela chuva que caia torrencialmente do lado de fora. Depois de um relâmpago, que iluminou o cômodo escuro e frio, ela se lembrou do que costumava ser, olhou seu reflexo no vidro da janela molhada, e como um relance viu ao seu lado a figura de alguém que ela costumava a amar, ou ela achava que amava, piscou novamente e passou a mão pelos cabelos, jurando que o que acabava de ter visto era resultado do álcool e apagou o cigarro. Ela não costumava fumar, um cigarro a cada dois ou três dias, mas agora ela havia perdido a conta que quantos maços havia no chão; Havia jurado que não beberia novamente, a bebida era um amigo inconstante, assim como havia jurado tantas coisas, tantas promessas que hoje, ela nem se lembrava de quantas tinha feito, e de quantas haviam sido quebradas. Uma foto em um porta retrato havia atraído seu olhar: ele. Seus traços eram puros, seu sorriso era calmo e ao seu lado outro sorriso. Um sorriso conhecido por ela há muito tempo, o sorriso dele. Há muito tempo ela não percebido aquela foto ali, ela sentia falta dele, doía, “Isso é amor?” a pergunta queimou em brasa a sua mente, ela já o havia perdido, havia desistido cedo demais, e de qualquer forma era tarde demais, já havia perdido tantas coisas, erros irreparáveis, assim como ela julgava esse. Fechou os olhos e não pensou em nada, deixou sua mente guia-la até onde ele poderia estar, e assim ficou por alguns minutos, desejando não ter o perdido, desejando reparar tal erro, desejando não se sentir culpada pelo ocorrido, desejando que ele ainda estivesse ao seu lado, desejando que ele não tivesse saído naquela noite, desejando que estivesse vivo, ao seu lado. E assim, de tal forma, ela havia encontrado uma de suas respostas, ela havia amado. 

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